quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Como lidar com os desafios do final da licença-maternidade, saiba o que dizem os especialistas.

Questões como amamentação, culpa e até legislação são

 preocupações nessa fase


Depois do período de gestação e da alegria da chegada do bebê, eis que surge a hora de voltar ao trabalho. O tempo parece curto demais para se adaptar a tantas mudanças, e a vontade de estar em casa com o pequeno chega a apertar o coração das mães quando a licença-maternidade termina. Apesar de ser um desafio, é possível se preparar para essa etapa, para uma transição mais tranquila e sem a necessidade de abandonar cuidados, como a amamentação.
Ao retornar às atividades profissionais, é normal que você se sinta pressionada e até mesmo triste com a situação. “Nós temos uma responsabilidade muito grande de prover a criança, a mãe acha que só ela sabe o que o bebê precisa. Pode existir a culpa e até mesmo a depressão, se ela não estiver bem estruturada para esse retorno”, explica a psicóloga Priscila Gasparini, doutora em psicanálise pela USP. “A gravidez é sábia, é o tempo de gerar, mas mais que isso de se preparar. A mãe deve pensar desde o início nas questões como mudança de corpo, o aspecto financeiro, quem vai ficar com o bebê quando a licença acabar”, completa.
Priscila diz que muitas mães acabam passando por uma sensação de êxtase durante a gravidez, e a felicidade que a cerca acaba fazendo com que se esqueça desses planejamentos básicos e de se preparar emocionalmente para a primeira ruptura. “Mães mais racionais costumam lidar melhor com essa fase, que é complicada porque ela também fica naturalmente mais sensível com a mudança hormonal. Preste atenção se você está lidando bem. Se não estiver, não tenha resistência de aceitar e procurar ajuda psicológica”, adverte.
Mantendo a amamentação
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a amamentação seja exclusiva até os seis meses de idade. Se você precisa voltar ao trabalho, algumas alternativas podem te amparar a seguir amamentando, o que ajuda no melhor desenvolvimento da criança e garante uma vida mais saudável no futuro. “Quem vai voltar ao trabalho pode ordenhar o leite, e guarda-lo por até 24 horas na geladeira, ou 15 dias no freezer”, conta o médico Marcelo Reibscheid, pediatra do Hospital e Maternidade São Luiz e criador do portal Pediatria Em Foco. Caso você não consiga fazer a retirada, ele diz que é possível recorrer aos leites formulados durante o tempo em que estiver fora de casa.
Já o pediatra Sylvio Renan Monteiro de Barros, autor do livro “Seu bebê em perguntas e respostas – do nascimento aos 12 meses”, diz que a fórmula infantil deve ser apenas a terceira opção. “Quanto mais cedo o bebê começa a ingerir, maior a chance de desenvolver umaalergia ao leite. É importantíssimo que a mãe tente segurar até o terceiro trimestre da criança. Se a mulher tem muito leite, pode começar a estocar bem antes, até seis meses, dependendo do recipiente de estoque. Perde um pouco a qualidade, mas ainda é melhor que outros tipos de leite”, recomenda. A segunda opção, caso você não possa realizar essa tarefa, é introduzir outros tipos de alimento um pouco antes.
Monteiro conta que um dos problemas em introduzir a fórmula está na própria utilização da mamadeira. “A sucção é muito mais fácil com a mamadeira, e a criança acaba perdendo o interesse pelo peito. Uma opção é dar o leite em um copinho ou seringa, para que a sucção não seja tão fácil e ela segure melhor o interesse do bebê pela amamentação”, complementa.
Se você consegue tirar o leite e estocar, também deve existir cuidado com o descongelamento. “O ideal é deixar o leite sempre em temperatura ambiente. Peça para quem vai ficar com o bebê retirar o leite do congelador com antecedência e, em caso de emergência, pode usar o banho maria por pouco tempo, só para descongelar”, ensina.
Legislação eficiente?
O doutor Barros diz que a questão do retorno ao trabalho é complicada, já que os órgãos de saúde recomendam o aleitamento materno por seis meses, mas só dão um período de quatro para a mãe. “A CLT deveria aceitar a licença assim como com o funcionário público, porque é o recomendado e é um preceito da amamentação, uma necessidade. Nossa população está envelhecendo e precisa de reposição. Essas crianças precisam viver com qualidade”, lembra.
“A mãe já tem uma culpa muito grande de estar perdendo o mundo profissional lá fora, e ainda tem a preocupação de não poder parar de amamentar. Ela entra em estresse, e tem razão, porque é muito caótico para a mãe. O governo recomenda e coloca a importância de se dar de mamar exclusivamente, mas ele próprio não dá as chances para que isso aconteça. As mães devem aproveitar e lutar por esse direito, que já existe para os funcionários públicos e deveria valer para todas”, finaliza.

Fonte: http://daquidali.com.br/conversa-de-mae/especialistas-contam-como-lidar-com-os-desafios-do-final-da-licenca-maternidade/


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