segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Até quando a criança deve acreditar em Papai Noel?



A hora de desfazer essa fantasia depende do 


amadurecimento de cada criança. Para não ficar na saia 


justa, saiba como lidar com a descoberta dela.






"Meu filho tem 4 anos e quer saber se Papai Noel existe. Sempre digo que sim, pois acho importante prolongar a magia da infância. Não sei se com isso acabo infantilizando meu garoto e fazendo com que ele pareça bobinho diante dos colegas." 
Até os 6 ou 7 anos, a fantasia está no comando. Nada mais natural, portanto, do que estimular seu filho a acreditar no Papai Noel. Além de proporcionar bons momentos em família, essa crença é uma ótima aliada na transmissão de valores fundamentais ao desenvolvimento dos pequenos. Personagens como o Papai Noel, o coelho da Páscoa e alguns super-heróis (bem selecionados, claro!) alimentam a imaginação das crianças e as ajudam a lidar com a realidade. Por meio desses personagens, elas experimentam uma sensação de poder e competência para enfrentar situações que ainda não compreendem totalmente ou que lhes parecem assustadoras e dolorosas.
À sua maneira, os adultos também recorrem a vários tipos de fantasia para poder enfrentar os desafios da realidade. É o que acontece, por exemplo, quando, diante de uma situação de tristeza, confusão ou desamparo, buscamos consolo pintando ou desenhando, apreciando um quadro, ouvindo música, lendo um livro ou mesmo assistindo a um filme ou a uma novela.
Quanto ao medo de que seu filho pareça infantil diante dos colegas, não há motivos para preocupação. É muito provável que a maioria das crianças da idade dele compartilhe da mesma crença. E, se uma ou outra já se deu conta de que o Papai Noel é alguém da família, dificilmente convencerá os outros dessa verdade.
Não existe uma idade certa para desfazer essa fantasia - tudo depende do amadurecimento do pequeno. Aos poucos, ele começará a colher pistas, aqui e ali, sobre a (não) existência do Papai Noel. Alguns reviram a casa em busca dos presentes escondidos, outros fazem de tudo para passar a noite acordados e surpreender a chegada do trenó com renas ou procuram se certificar de que, debaixo daquela enorme barba branca, não está o tio que misteriosamente sumiu da festa.
Conduzida assim, pela própria criança, essa descoberta é um exercício de racionalização e dedução que naturalmente vai prepará-la para a hora da verdade. Um sinal claro de que chegou o momento de dizer que o Papai Noel não existe é quando o filho faz a pergunta e, de carona, ainda apresenta uma série de argumentos provando sua inexistência. Se o garoto chega a esse ponto, não há motivo para insistir no mito, mas é preciso um certo cuidado para conduzir a conversa. A descoberta da verdade representa para meninos e meninas a perda de um ser que lhes dava segurança. Agora, inconscientemente, eles sentem necessidade de confirmar a solidez dos laços que os unem aos pais.
Um bom começo é dizer que não tiveram a intenção de enganar falando do Papai Noel. Explique com palavras simples que, embora não exista fisicamente, o velhinho de barba branca é um símbolo real da bondade e da solidariedade. Por isso, ele carrega um saco de brinquedos para distribuir e não deixa nenhuma criança de fora, seja ela rica ou pobre, feia ou bonita. Aproveite para encorajar seu filho a guardar segredo, permitindo que os irmãos e primos mais novos aproveitem também o encanto que ele experimentou. Essa atitude ajuda a lidar com o luto pela crença desfeita e permite olhar o outro lado da fantasia, compreendendo melhor a posição dos pais e não se sentindo traído.
Enquanto isso não acontecer, porém, procure soltar a imaginação. Incentive o pequeno a criar um desenho bonito para enviar ao Papai Noel, monte com ele um calendário para fazer a contagem regressiva até o Natal, conte histórias sobre a data, ensine-o a desenhar cartões para amigos e familiares. Com certeza, todos na casa vão curtir essas atividades e reviver um pouco da magia da infância.
Fonte: Ivete Gianfaldoni Gattás, psiquiatra da Unidade de Psiquiatria da Infância e da Adolescência da Universidade Federal de São Paulo

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